Lembrar e escrever: Jurema Finamour, a jornalista silenciada

24/08/2023 21:02

Professora e jornalista Christa Berger apresenta na UFSC seu mais recente livro, que trata da vida e do apagamento da memória de uma das mais importantes jornalistas brasileiras do século XX

 

Há poucos dias, após conhecer o livro Jurema Finamour – a jornalista silenciada (Editora Libretos, 2023), escrito pela professora, pesquisadora e jornalista Christa Berger, o jornalista Mário Magalhães escreveu em sua página do Facebook, referindo-se a Jurema: “Como a autora de quase 20 livros, muitos deles marcantes, foi eliminada da história? Como a jornalista que conheceu e contou as aventuras de gente interessante e relevante, no Brasil e mundo afora, é hoje um nome ignorado até por quem supõe saber das coisas? Por que sumiu das lembranças impressas e das reconstituições do passado a mulher que foi à luta por causas generosas, muitas das quais só ecoariam tempos mais tarde?”.

As possíveis causas do cancelamento histórico de uma mulher presente e atuante na vanguarda do mercado editorial da segunda metade do século XX estão no livro de Christa, que vai compartilhar a experiência de escrita da obra e a importância do resgate da memória de Jurema Finamour no próximo dia 31 de agosto, às 9 horas, no Auditório Henrique Fontes, no CCE. O evento marca a aula inaugural da nova turma de graduação em Jornalismo do semestre 2023/2 e é promovido pelo Departamento, Curso e Programa de Pós-Graduação em Jornalismo em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Literatura da UFSC.

Jurema Finamour é uma mulher brilhante que participou ativamente da vida cultural e política brasileira nas décadas de 1950 e 1960. Foi jornalista, romancista, escritora, viajante, feminista e cozinheira de mão cheia. Viajou pelo mundo e escreveu os primeiros livros-reportagem no Brasil sobre a União Soviética, a China, a Coreia e Cuba. Também editou uma revista voltada para o público feminino, foi retratada por Di Cavalcanti e por Dimitri Ismailovitch, entrevistou o filósofo Jean-Paul Sartre, a escritora Anna Seghers e o cineasta Roberto Rossellini. E foi secretária de Pablo Neruda. “Mas para a memorialística brasileira, ela não existe: seus livros não foram reeditados e não é mencionada nas biografias dos que conviveram intensamente com ela, como Jorge Amado, Graciliano Ramos, Candido Portinari, Carolina Maria de Jesus, Carlos Drummond de Andrade, entre outros”, aponta Christa.

Nainterpretação da escritora Lélia Almeida, que fez a apresentação da obra, “coube ao feminismo contemporâneo, através das mais diversificadas metodologias de resgate, escuta e testemunho, a tarefa de trazer a público as vozes esquecidas das mulheres de outros tempos. Christa Berger, jornalista, pesquisadora e biógrafa, (…) traz a público uma história emudecida e silente, como são as histórias das grandes mulheres que constroem os momentos mais desafiadores das histórias de seus países e que sempre são ignoradas pelo cânone intelectual e literário masculino, que lhes destina o lugar de uma ausência contundente ou de mera coadjuvante.”

Christa Berger é uma das mais importantes pesquisadoras e autoras do campo da comunicação e do jornalismo no Brasil. Mas não só isso. Nos anos 1970, morou na Cidade do México, onde participou do movimento feminista latino-americano. Jornalista, trabalhou no Diário de Notícias e na Folha da Manhã, em Porto Alegre. Foi professora e pesquisadora nas faculdades de Comunicação da PUCRS, UFRGS e Unisinos. Entre outros, escreveu o livro A terra e o texto: campos em confronto e também organizou a obra O jornalismo no cinema. O livro Jurema Finamour – a jornalista silenciada consumiu quatro anos de pesquisa e escrita e é sua primeira publicação não acadêmica.

*Texto editado a partir de informações públicas da Editora Libretos, do site LiteraturaRS e do Facebook de Mário Magalhães.

 Resumo da programação:

Conferência: Lembrar e escrever: Jurema Finamour, a jornalista silenciada

Conferencista: Christa Berger
Data: 31.08
Horário: 9h-12h
Local: Auditório Henrique Fontes – CCE