Pesquisa do PPGJOR indica desconexão entre temas tratados pelo jornalismo local e interesses da audiência
Uma audiência pública para debater a relação da população com o jornalismo local em Florianópolis foi realizada no dia 21 de agosto, na Câmara de Vereadores Municipal. A conversa se deu a partir dos resultados do relatório final da pesquisa “O que conecta as pessoas ao jornalismo local?”, realizada pelo grupo de pesquisa LocalJor – Laboratório de Práticas para o Jornalismo Local a Serviço dos Públicos, que trouxe dados sobre os hábitos de consumo de informação na capital.
O estudo, apresentado pela pós-doutora e coordenadora do grupo, Andressa Kikuti, ouviu 604 pessoas em todos os bairros da cidade e identificou um descompasso entre o noticiário oferecido e os temas de maior interesse do público. Enquanto educação, cidadania, meio ambiente e saúde lideram a lista de prioridades, a cobertura jornalística local ainda se concentra em economia, esporte e polícia. Essa desconexão ajuda a explicar a ascensão de perfis informais em redes sociais, citados como a principal fonte de informação para mais da metade dos entrevistados (55,3%), o que evidencia a crescente desconfiança em relação à imprensa tradicional também apontada pela pesquisa.
Os pesquisadores do PPGJOR Samuel Pantoja Lima e Jacques Mick integram o LocalJor – que também pertence ao Programa de Pós-graduação em Sociologia e Ciência Política (PPGSP) da UFSC – e lideram o estudo juntamente com Andressa. Durante a audiência, o professor Samuel anunciou a nova fase do estudo, que busca entender melhor os hábitos e impressões da sociedade civil organizada sobre o jornalismo local. Além de abrir o debate político, o LocalJor lançou na ocasião uma versão resumida do relatório da pesquisa.
Coordenada pelo vereador Leonel Camasão (PSOL), a audiência também contou com a presença de outros parlamentares, jornalistas, estudantes e dirigentes de entidades jornalísticas e comunitárias. Uma das pautas mais debatidas pelos presentes foi a necessidade de criar mecanismos de financiamento público para a imprensa para garantir a pluralidade de vozes na cidade. Representantes defenderam que parte das verbas de publicidade do município seja destinada a veículos comunitários e independentes, hoje praticamente excluídos dos editais e contratos oficiais, o que limita a capacidade de produzir informação de interesse público.






