Defesa de Tese: “Meu caro amigo Oliveira Lima”: o jornalismo como moeda de troca no final do século XIX

17/04/2019 20:13

A tese “Meu caro amigo Oliveira Lima”: o jornalismo como moeda de troca no final do século XIX, de Maurício Oliveira, será defendida no dia 13 de maio, a partir das 14h. A sessão é aberta ao público e ocorrerá na sala de videoconferência (413), no bloco B do Centro de Comunicação e Expressão (CCE/UFSC). Também haverá transmissão simultânea na sala Hassis, no térreo do bloco B.

Ao jogar luzes sobre um aspecto pouco explorado da biografia do diplomata pernambucano Manuel de Oliveira Lima (1867-1928) – sua atuação jornalística –, esta tese ajuda a entender como jornalismo e política se misturavam nos primeiros anos pós-República, momento em que a estrutura de poder estava sendo totalmente reformulada e reacomodada no Brasil. A análise de 570 correspondências, cujo conteúdo foi confrontado com a produção jornalística e os dados biográficos de Oliveira Lima, evidenciou que a troca de favores era uma prática amplamente disseminada no período, sendo o espaço na imprensa muitas vezes utilizado como moeda de troca. Oliveira Lima se beneficiou dessa estratégia na juventude para se aproximar do poder e obter vantagens pessoais: o ingresso na carreira diplomática foi consequência direta dos artigos que assinou em defesa do recém-instaurado regime republicano, e foi graças às colaborações para a Revista Brasileira e os relacionamentos delas decorrentes que ele se tornou um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

Uma vez tendo conquistado ainda antes dos 30 anos esses dois grandes objetivos – a estabilidade do serviço público e a consagração como intelectual –, Oliveira Lima imaginou que dali em diante poderia canalizar a atuação jornalística ao exercício da autonomia e da independência. Tal mudança de atitude representou a quebra de alianças e uma afronta ao sistema de favores que predominava na sociedade brasileira. Muitas vezes, as opiniões que expressava em seus artigos contrariaram os interesses do governo ao qual ele servia como diplomata, o que contribuiu para limitar sua ascensão no Itamaraty.

Assim, o mesmo jornalismo que lhe abriu portas no início de sua trajetória o levaria ao rompimento de amizades estratégicas e seria o principal responsável pelo insucesso na carreira diplomática. Apesar de todas as contraindicações, Oliveira Lima continuou escrevendo para jornais e revistas até o final da vida, em paralelo à carreira diplomática e ao ofício de historiador.

O trabalho é orientado pelo professor Jacques Mick e a banca será composta pelos professores Mauro Silveira, Jorge Ijuim, Cláudia Lago (USP) e Luiz Gonzaga Motta (UnB).