Pesquisadores do PPGJOR participam da XIV CBCC e do X Seminário ALAIC

02/10/2019 11:38

Pesquisadores do Programa de Pós Graduação de Jornalismo (PPGJor/UFSC) participam da XIV Conferência Brasileira de Comunicação Cidadã (CBCC), realizada pela Associação Brasileira de Pesquisadores e Comunicadores em Comunicação Popular, Comunitária e Cidadã (ABPCOM), e X Seminário da Associação Latino-Americana de Pesquisadores da Comunicação (ALAIC), ambos promovidos pelo Departamento de Comunicação Social e pelo Programa de Pós-graduação em Mídia e Cotidiano da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Niterói (RJ). Os eventos ocorrem de 22 a 25 de outubro na UFF.

As doutorandas Ingrid Assis e Juliana Gobbi participam da CBCC, apresentando trabalho no GT3 – Redes Sociais e Ativismo Midiático. Os doutorandos Magali Moser, Rafael Giovani Venuto e Suelyn Cristina Carneiro Da Luz e a professora do PPFGJor Flávia Guidotti apresentam trabalhos no Grupo de Interesse 4 da ALAIC, intitulado Práticas hegemônicas, cultura e alternativas na América Latina.

Ingrid Assis e Juliana Gobbi, em parceria com o mestrando Gustavo Sampaio (PGCult/UFMA), apresentam o trabalho intitulado “Regionalidade, cultura e ativismo no jornalismo alternativo do Sobre O Tatame”. O relato se ampara em procedimentos da pesquisa participante, complementados pela análise documental, para discutir as experiências midiativistas que vem sendo empreendidas pelos autores enquanto profissionais e colaboradores do portal, com destaque para a análise dos projetos Sobre O Tatame Sessions, que visibiliza as produções musicais de artistas contemporâneos maranhenses, e o Elas Sobre O Tatame, que evidencia as questões de gênero. Ainda, inclui as coberturas jornalísticas colaborativas realizadas no Dia Nacional de Luta em Defesa da Educação (em 15 de maio deste ano) e a do festejo do São João do Maranhão.

Magali Moser apresenta “Reportagem como transgressão: os dez anos de textos assinados por Eliane Brum como repórter especial da Revista Época”. O trabalho tem como objeto de estudo indicadores de uma contra hegemonia (WILLIAMS, 1979) nas práticas jornalísticas adotadas por uma das repórteres mais premiadas do Brasil. Sua atuação como repórter se torna referencial no âmbito das práticas e da academia, mas pode ser considerada contra hegemônica, apesar de estar ligada a organizações midiáticas historicamente de liderança? Ao confrontar concepções e dinâmicas estabelecidas, sua reportagem seria uma transgressão? A partir de uma abordagem sobre o método jornalístico (SPONHOLZ, 2009) e a reportagem como metodologia do jornalismo (OSORIO VARGAS, 2017), identificamos características alternativas às práticas dominantes do campo no seu fazer jornalístico, suas narrativas e reflexões sobre o exercício profissional. A análise parte de 109 textos com base na consulta de edições da Revista Época, da Editora Globo, durante os dez anos que a jornalista atuou como repórter especial do periódico (2000 a 2009). Analisar sua produção e tensionar suas práticas para além das reportagens selecionadas e publicadas em livro torna-se fundamental na compreensão não apenas de sua trajetória, mas, sobretudo da própria potencialidade da reportagem como narrativa de transgressão.

Rafael Venuto discute, juntamente com sua orientadora, professora Flávia Guidotti, “Alternativas para o fotojornalismo contra hegemônico: análise de uma imagem do R.U.A Foto Coletivo em diálogo com a ideia rancieriana de eficácia estética”. Com o objetivo de refletir sobre alternativas contra hegemônicas à figuração das heterogeneidades sociais, o estudo parte do pressuposto segundo o qual a dissolução de consensos homogeneizantes através de imagens fotojornalísticas esteticament pode vir a colaborar para a criação de outras configurações do possível, do visível e do pensável na partilha (política) do sensível (RANCIÈRE, 2009).Tal eficácia dependeria de uma certa “distância e neutralização”, próprias do “regime estético” das artes na tradição ocidental (RANCIÈRE, 2005). O efeito estético-político das imagens contra hegemônicas não estaria atrelado, portanto, à demonstração pura e simples das desigualdades, violências e mazelas do mundo, mas à articulação sensível de formas antagônicas de existência, visibilidades, invisibilidades, possíveis e impossíveis na grande fábula da vida cotidiana. Concomitantemente, a ideia é contribuir para o amplo debate em torno do papel do fotojornalismo na criação de subjetividades outras nos cenários dissensuais da democracia.

Suelyn da Luz leva para o seminário “A comunicação da Frente Parlamentar da Agropecuária e a imagem pública hegemônica do agronegócio brasileiro”. O trabalho tem o objetivo de explorar as práticas textuais e discursivas utilizadas pela assessoria de comunicação e imprensa e refletir sobre a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) enquanto representação política, fonte e produtora de notícias. Conhecida como bancada ruralista, atualmente a FPA é a representação suprapartidária mais expressiva no Congresso e Senado Federal e possui um portal online independente dos veículos oficiais do Poder Legislativo. O estudo utiliza o aporte teórico-metodológico da Análise Crítica do Discurso (ACD) e o software livre Iramuteq para destacar os termos e fontes mais mencionados nos textos publicados no portal, durante o período das últimas eleições ao primeiro trimestre de 2019. O corpus constituído por 17 textos demonstra que há acionamentos de interesses privados que envolvem o agronegócio, com versões unilaterais de pautas de interesse público, em que estão ausentes representações organizadas da agricultura familiar, instituições civis relacionadas ao consumo e meio ambiente, bem como movimentos sociais ligados à questão agrária.