“A imparcialidade tem uma premissa e ela é a Declaração Universal dos Direitos Humanos”, explica profª Bianca Santana

20/04/2022 21:27

A profª Drª Bianca Santana ministrou, na última terça-feira (19), a aula magna 2022 do PPGJOR UFSC. Com a fala intitulada “O enfrentamento ao racismo na prática jornalística”, a professora trouxe para o debate o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros para falar sobre a imparcialidade profissional. Santana explica que não se pode confundir imparcialidade com dar voz a racistas versus quem enfrenta o racismo. “Imparcialidade é a partir da defesa dos direitos humanos. Imparcialidade tem uma permissão e a premissa é a nossa Constituição, é a Declaração Universal dos Direitos Humanos”.

A autora de “Continuo preta: a vida de Sueli Carneiro”, explicou ainda que o jornalismo hegemônico no Brasil é branco e por viés inconsciente ou não, reproduz o que Cida Bento chama de pacto narcísico da branquitude. Santana elucidou que Cida Bento define branquitude como a preservação de pactos entre iguais, de hierarquias raciais que encontram ecos em diferentes organizações, incluindo aí as jornalísticas.

“Tantas vezes as pessoas falam de critérios jornalísticos, sem desconfiar que muitas vezes esses critérios não são técnicos, mas são critérios que conformam esse pacto narcísico da branquitude”.

A professora citou ainda a campanha da Coalizão Negra por Direitos voltada para jornalistas e que buscou denunciar o genocídio da população negra no Brasil, pedindo aos profissionais da imprensa que utilizassem os termos adequados para se referir aos fatos que envolvessem o tema. Segundo Bianca Santana, a forma como o jornalismo deixa de contextualizar corretamente a informação oferecida ao público dá a entender que existe um problema de violência igualmente distribuído entre a população, o que é desmentido pelo Atlas da Violência no país.

“Quando a gente sabe 91% das crianças assassinadas por tiro no Rio de Janeiro são crianças negras, por que os jornais ainda falamos em bala perdida? Que bala perdida encontra uma criança branca na Zona Sul do Rio de Janeiro? Por que a bala perdida só se perde nas favelas e nos morros e só encontra corpos de crianças negras? São execuções.”

Assista a aula magna 2022 completa:

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